No silêncio de uma noite iluminada por velas e marcada pelo toque dos atabaques, algo especial está acontecendo. Jéssica Maria e sua esposa, Jéssica, iniciam uma nova fase em suas vidas: a fundação de seu próprio terreiro. Depois de anos sob a orientação de uma mãe de santo que foi um pilar em sua formação, o momento de cortar os laços e seguir seu próprio caminho chegou, carregado de desafios e emoções.
A transição nunca é fácil. Deixar uma casa que foi lar espiritual e onde as raízes foram fortalecidas exige coragem. Ainda assim, as Jéssicas — ou Jéssicas², como já são apelidadas com carinho — decidiram ouvir o chamado dos orixás e seguir o destino que acreditam ter sido traçado para elas.
Os desafios são muitos: adaptar um espaço para os ritos, organizar a estrutura necessária e conquistar a confiança de filhos e filhas de santo. Além disso, há o peso de criar algo novo em um ambiente onde as tradições têm força, mas também onde o julgamento pode ser severo. Mesmo assim, dia após dia, elas têm sido surpreendidas. Pequenas bênçãos surgem, como o apoio inesperado de alguém da comunidade, a chegada de pessoas dispostas a caminhar ao lado delas ou o simples conforto de sentir que estão no caminho certo.
O terreiro que nasce é um reflexo da dedicação e da sintonia entre elas. Não há dúvidas de que Jéssica Maria e Jéssica estão construindo mais do que um espaço físico; estão criando um lugar de acolhimento, aprendizado e continuidade do axé que carregam.
Como observador desta jornada, fico inspirado ao acompanhar cada passo. As dificuldades que enfrentam não as abalam; pelo contrário, fortalecem o que está por vir. Que o terreiro das Jéssicas² prospere e se torne um farol para aqueles que buscam fé e pertencimento.
Por Cassiano Justo.
Foto: planeta África
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